Dia Internacional da Mulher

Hoje é um dia de solidariedade internacional das lutas das mulheres!

31 anos do PT e o presente é para os banqueiros

O desnível das politicas do governo em garantir a soberania do capital em detrimento dos direitos dos trabalhadores é claro. Para aqueles que achavam que Dilma representaria um avanço para políticas sociais precisam decidir o discurso ou o barco, os dois já não da mais.

Legião Urbana Vive Sempre

O sucesso da Legião representa uma combinação de diversos fenômenos: a explosão juvenil, artística, social e política do começo dos anos 80; um novo romantismo, repleto de referências literárias, que se popularizou entre essa juventude; e por fim, uma descrição subjetiva da complexidade dos novos cenários gerados pela “aceleração dos tempos” resultante das inovações tecnológicas.

Um breve histórico do Movimento Construção Coletiva

A muito participamos da construção do movimento estudantil na UFSM. Estivemos presentes nas lutas contra a venda do Prédio de Apoio, pela construção de novos restaurantes universitários, pelo fim das fundações ditas de ‘apoio’, que roubaram mais de 44 milhões dos cofres públicos no escândalo DETRAN-FATEC-FUNDAE.Defendendo uma educação pública, gratuita e de qualidade, participamos também das eleições ao diretório central dos estudantes para dizer a que viemos!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

AS ORIGENS DA OPRESSÃO SOBRE AS MULHERES

domingo, 13 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DOWNLOAD: CARTILHA REALIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO EM SANTA MARIA

Para continuar a luta e organização por um transporte público e de qualidade.
Faça o download da cartilha produzida pela FRENTE DE MOBILIZAÇÃO PELO TRANSPORTE PÚBLICO : http://www.easy-share.com/1913838906/CARTILHA2.pdf

Homenagem do MST: LUTADORAS DO POVO



A história da sociedade passada é a da luta de classes. Oprimidos lutando contra seus opressores. Trabalhadores organizados para findar a exploração do homem pelo homem. Entre as massas revoltadas contra os patrões existiram e existem milhares de Lutadoras.

Este é um vídeo de uma breve homenagem feita pelo MST para as Lutadoras, como dizia Rosa Luxemburgo (Zamoosc, 5 de março de 1871 - Berlim, 15 de janeiro de 1919) uma militante revolucionária ligada à Social-Democracia do Reino da Polônia e Lituânia :

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres"

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

31 anos do PT e o presente é para os banqueiros

Os oito anos de Lula foram marcados pelo seu recuo na luta dos trabalhadores, onde por sinal sempre esteve à frente. Se antes era um grande quadro de enfrentamento contra os patrões hoje virou um de amansamento dos trabalhadores. Fez a ponte perfeita entre os interesses dos banqueiros, latifundiários e empresários sem provocar uma grande reação do povo.
Lula teve habilidades incríveis em dar melhorias aos trabalhadores, pequenas, para não irritar os poderosos do país. Contornou um dos maiores escândalos de corrupção, o mensalão, e teve o bom humor (ou cinismo?) de chamar a crise financeira de ‘marolinha’. Já que no Brasil o impacto não foi grande como em outros países mais desenvolvidos, grande parte disso causado pela assistência do governo as empresas e bancos e o arrocho pagado pelo povo.

Agora é Dilma!

Primeiro de janeiro de 2011 assume a presidência do Brasil uma mulher, Dilma Roussef. Formada em economia e com uma trajetória técnica satisfatória no Governo de Luis Inácio. As expectativas que Dilma mantenha o alto índice de aprovação do governo passado são grandes.

Porém o que se vê é o anuncio de um corte de 50 bilhões no orçamento, um ajuste fiscal que esta sendo comemorado pelos grandes economistas liberais que defendem o estado mínimo. A pergunta é quem vai sentir a tesoura do governo? Claramente será o povo, obviamente esse corte atingira no fígado dos recursos sociais.
Como herança do governo Lula, Dilma ganhou de presente a mp520, que tem como proposta criar uma empresa ‘estatal’ brasileira de serviços hospitalares juridicamente privada, um retrocesso na proposta que o SUS representa, de uma saúde 100% publica para o Brasil e o congelamento do salário do funcionalismo público. Na onda das privatizações, vem por ai uma medida provisória que vai abrir o capital da Infraero e privatizar a gestão dos aeroportos.

Não bastando os cortes de políticas sociais, a proposta de aumento do salário mínimo para R$ 580 acordada com o setor sindical governista (CUT, CTB, NCST, CGTB, UGT e Força Sindical) nos tempos de Lula não será cumprida. Dilma garante que ira aumentar somente para R$ 545, sendo que nos cálculos do Dieese indicaram em dezembro de 2010, que o salário minimamente digno para manter uma família seria de R$ 2.227,53. Em contrapartida enquanto o trabalhador pode acrescentar um pão por dia na mesa os deputados garantiram um salário de 26mil.

O desnível das politicas do governo em garantir a soberania do capital em detrimento dos direitos dos trabalhadores é claro. Para aqueles que achavam que Dilma representaria um avanço para políticas sociais precisam decidir o discurso ou o barco, os dois já não da mais.

por Laila Garcia Marques, militante do MCC

Neoliberalismo e educação no Governo Yeda Rorato Crussius


O neoliberalismo é bastante pródigo em construir um discurso comum de apologia à livre iniciativa, de reconhecimento à eficiência e de oportunidades para aqueles que são competentes. Porém, percebemos que as desigualdades sociais cada vez mais se aprofundam em um sistema que se mostra cada vez mais injusto. É notável como que um discurso que se mostrava portador de boas novas, acabou por aprofundar problemas inerentes ao modo de produção capitalista. O neoliberalismo se mostrou pródigo também em produzir cada vez mais contingentes de excluídos pelo mundo afora. Em 2010, presenciamos revoltas em países tidos como modelos da ordem capitalista como as revoltas de trabalhadores e estudantes na França e na Inglaterra. Além das revoltas nestes dois membros do G-7, neste ano ocorreram também revoltas populares em países considerados periféricos como Espanha e Grécia, nos quais a população se mobilizou de forma contundente contra as medidas de diminuição dos rendimentos médios dos trabalhadores.
Como reflexo da ideologia neoliberal na educação, percebemos o papel de transformar o não-mercado e o quase-mercado em mercado propriamente dito. Através da construção de uma unanimidade que, não por coincidência, está a favor da ideologia neoliberal. Percebemos que cada vez mais o sistema educacional está se utilizando de termos que anteriormente faziam parte do vocabulário empresarial. Vivemos num mundo onde cada vez mais a “humanidade se desumaniza”, onde cada vez mais as relações sociais são mercantilizadas. No caso a educação, ela deixou de ser vista enquanto direito universal e passou a ser pensada enquanto serviço, o que a colocaria no mesmo patamar de demais serviços oferecidos, conforme a ótica do capitalismo neoliberal.
Atualmente percebemos que cada vez mais as pessoas são vistas como mercadorias, que cada vez mais se privatizariam as coisas, inclusive o conhecimento. Neste sentido, presenciamos que questões como maternidade e paternidade passam a serem vistos como serviços. Prova disso é que cada vez mais cresce o mercado de mães de aluguel, bancos de esperma ou mesmo tráfico de crianças. É esta conjuntura mercadológica, nas quais as relações sociais cada vez mais são mercantilizadas, que se apresenta para os educadores do Rio Grande do Sul, onde os trabalhadores em educação cada vez são vistos enquanto trabalhadores substituíveis. Exemplo disso foram as ameaças de rendimento por desempenho (meritocracia) defendidas pelo governo Yeda Rorato Crussius.
Se por um lado a política meritocrática é vista como uma ameaça para a estabilidade dos trabalhadores em educação, ela é vista como uma forma de remuneração mais justa por parte de trabalhadores em educação e sociedade em geral. Dentro deste quadro podemos tirar algumas conclusões, dentre elas que o papel do professor mudou. Ele, que antes era visto como uma fonte de informações passa a ser visto como mais um apêndice de uma sociedade que cada vez mais funciona pior. Ao mesmo tempo em que cada vez mais se exigem novos conhecimentos por parte do professor. Não é exceção que cada vez mais os educadores se queixem da obrigação para desempenhar papéis para além de sua formação acadêmica.
Analisando os resultados da pesquisa “A Educação Pública Pede Socorro”, publicada pelo CPERS-Sindicato em 1º de maio de 2010, e também analisando matérias de periódicos utilizadas neste trabalho como o Jornal Zero Hora e mesmo o Jornal Sineta igualmente do CPERS-Sindicato, podemos perceber que os educadores, de forma geral, colocam que são obrigados a desempenhar funções de pais, psicólogos, irmãos e amigos. Numa das tantas versões cada vez mais precarizadas do tão louvado trabalhador-total. Evidentemente que toda esta sobrecarga de funções vai contribuir para aquilo que compreendemos como mal-estar docente. Denúncias dos fatores geradores do mal-estar docente vêm cada vez mais ganhando força no movimento sindical brasileiro. No caso do CPERS/Sindicato, presenciamos que questões como saúde e qualidade de vida vem cada vez mais ganhando força nos debates e encontros sindicais.
Por fim, acredito que este texto possa ter contribuído para que o debate sobre o papel do trabalhador em educação, na sociedade atual, seja revisto. Pois, educar é muito mais que preparar os estudantes para exames de desempenho e receber no final do mês mais ou menos dinheiro, conforme o desempenho dos mesmos nos referidos exames. Por outro lado, o governo Yeda Rorato Crussius chegou ao seu fim. Espero que este governo tenha sido pedagógico no sentido de mostrar aos gaúchos as consequências das políticas neoliberais para a estrutura estatal e consequentemente para a sociedade rio-grandense como um todo, de forma com que possamos impedir que as políticas neoliberais venham a se repetir no governo que se iniciou em 1º de Janeiro de 2011, o governo do petista Tarso Genro.

por Marcelo Noriega, historiador.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CURSO DE FORMAÇÃO: COMO FUNCIONA A SOCIEDADE

Tunísia e Egito: uma revolução democrática percorre os países árabes

Israel Dutra e Pedro Fuentes

Edição Joana Vasconcelos

“Entramos numa nova era no mundo árabe. Este é um novo e revolucionário Oriente Médio, não mais aquela região com países com regimes moderados e submissos aos Estados Unidos. Fala-se em um pan-arabismo. Essas revoluções não são religiosas” – afirmou Ahmad Moussalli, professor de ciência política e estudos islâmicos da Universidade Americana de Beirute (entrevistado pela Carta Capital).
No mundo árabe, estão em curso poderosas revoluções. Na Tunísia, as massas saíram às ruas e derrubaram o regime de Ben Ali, que estava a 34 anos do poder. O Egito se inspirou no exemplo, e perdeu o medo de Hosni Mubarak, há 30 anos no poder. É uma grande onda revolucionária, que pode levantar-se contra outros regimes autocráticos da região.
Em uma revolução, as massas aprendem em algumas horas o que não puderam aprender em toda sua vida. Toda revolução é nova, tem continuidade e diferenças com as anteriores. É a partir delas que os revolucionários dão saltos de qualidade na sua formulação política e teórica.
Olhamos a revolução de bem longe e pretendemos nos aproximar de sua realidade o máximo possível. Nossas reflexões estão organizadas desta forma:
1) Qual é o caráter desta revolução? Quais são seus protagonistas?
2) Qual é o marco mundial da revolução árabe, considerando a crise econômica?
3) Quais as raízes históricas da presente revolução?
4) Quais as semelhanças desta revolução com outras revoluções?
5) Quais as tarefas dos internacionalistas frente a ela?
1. O caráter da revolução árabe: para onde ela vai?
a) Revolução Regional.
A Revolução iniciada na Tunísia em dezembro de 2010 adquiriu proporções regionais e alcançou com toda força o Egito, país mais importante do mundo árabe. Se ela triunfa, se Hosni Mubarak cai, assim seja em pára-quedas, toda a geopolítica da região se altera. Jordânia, Iêmen, Líbia e Argélia já foram atingidos pela onda revolucionária.
No Egito vivem 80 milhões de pessoas. É um país estratégico, o pilar da política imperialista dos EUA no Oriente Médio, junto com Arábia Saudita. Aparentemente, os egípcios não sairão das ruas até que se cumpra a exigência: “Fora Mubarak”. Na Tunísia o novo governo provisório encabeçado por Mohamed Ghannouchi está repleto de ministros do velho regime, e a revolução tem a tarefa de enfrentá-los.
b) São revoluções democráticas insurrecionais espontâneas.
“Revolução” se tornou termo comum nos jornais que usualmente o evitam. Nós a vemos como uma revolução democrática contra os regimes autocráticos, cuja tarefa concreta imediata é derrubar o regime. Há algo de similar com as revoluções que derrubaram as ditaduras latino-americanas nos anos 1980. A diferença substancial é o contexto de crise econômica.
Embora não sejam ditaduras clássicas, as autocracias do norte da África se mantiveram no poder por meio da violência de Estado. São regimes totalitários que organizam eleições totalmente manipuladas. Estas autocracias brotaram do processo reacionário após a era de independências nacionais da região. O Egito é, desde 1981, o principal aliado dos EUA para sustentar o Estado de Israel. Os EUA equiparam e financiaram diretamente o exército de Mubarak. Além disso, a região é economicamente dependente do imperialismo europeu.
O mundo árabe se apresentou como elo mais fraco da crise econômica mundial. A crise aumentou o empobrecimento das massas, atingindo a juventude. Na Tunísia, por exemplo, 60% da população têm menos de 30 anos e 50% está desempregada. Assim, as demandas de trabalho e salários se combinam com a luta contra a autocracia.
O povo saiu às ruas para resolver estes problemas e notou que só é possível fazê-lo em outro regime político. As principais bandeiras “Abaixo Mubarak” e “Assembléia Constituinte” expressam que a revolução é essencialmente democrática.
c) Quem está fazendo a revolução?
Há um movimento popular que une a classe média, os jovens empobrecidos, os trabalhadores, a intelectualidade. Desde 2008 vêm ocorrendo importantes greves operárias no Egito. Lá os sindicatos são perseguidos e não há uma central sindical. Já na Tunísia há a União Geral dos Trabalhadores Tunisianos (UGTT), que se negou a compactuar com o governo provisório.
Os sujeitos da revolução são apontados pelo El País: “Quem faz a revolução? São pessoas de todos os estamentos sociais, desde as classes mais altas às mais baixas. Mulheres, crianças, adolescentes, estudantes de medicina ou ativistas de direitos humanos, camareiros ou farmacêuticos, também há uma grande maioria de desempregados. Fecharam as ruas para pedir que devolvam seu país. Não têm um perfil determinado e o governo não é capaz de encarcerá-los. Saíram às ruas em todos os pontos do país e não pensam em voltar às suas casas até que alcancem o que almejam: liberdade, segurança, bem-estar, pão e democracia”.
O sujeito social da revolução é heterogêneo, abarca setores trabalhadores e pequeno-burgueses. A burguesia como classe não está nas ruas. No Egito, a Irmandade Muçulmana, grupo de oposição, não foi organizador direto das mobilizações, mas agora tenta encabeçar as negociações. Na Tunísia o caráter laico do movimento está mais demarcado.
Milhões de egípcios resistem na Praça Tahrir até que Mubarak fuja. As massas perderam o medo e derrotaram o aparato repressivo do velho regime, conquistando setores do exército para a causa popular. Na Tunísia, o exército apoiou a destituição de Ben Alí e a substituição do governo. Nos dois países, a população mobilizada defende a segurança das ruas e bairros com seus próprios métodos.
d) Crise revolucionária: dualidade de poder e manobras do velho regime
A força da mobilização popular espontânea abriu em ambos os países uma crise revolucionária e uma situação de dualidade de poder. Na Tunísia, há uma queda de braços entre o novo governo e o povo mobilizado. A revolução continua com a bandeira da Assembléia Constituinte. No Egito, a resistência de Mubarak é cada vez mais desesperada. Mubarak organizou uma ação contra revolucionária com camelos e cavalos, montados por sujeitos pobres do lúmpem-proletariado que foram comprados por cerca de 30 dólares. Foi um fracasso. Novas mobilizações que reúnem milhões de pessoas não vão sossegar até a derrubada do regime.
Primeiro, Mubarak anunciou que não concorrerá nas próximas eleições de setembro. O povo não se satisfez. Agora quer negociar o adiantamento destas eleições. Assim, pretende uma queda em pára-quedas, sem grande impacto.
O imperialismo revelou suas duas caras. Os EUA financiaram o regime Mubarak desde 1981. Agora, Obama percebeu que não há possibilidade de manutenção do poder, e busca uma saída pela tangente, uma negociação capaz de pacificar o movimento de massas e restaurar a ordem o quanto antes. Já o imperialismo europeu se mantém diretamente ao lado de Mubarak. De qualquer modo, tanto um quanto outro terão que elaborar uma nova estratégia de dominação do Oriente Próximo.
e) Até onde vai o trem?
Nada será como antes no Magreb: o processo de democratização da sociedade árabe já é um fato histórico. Na impossibilidade de impor uma contra-revolução explícita, o imperialismo busca manobrar o processo revolucionário através da instituição de uma democracia burguesa clássica, com mais liberdades civis e políticas.
A questão é: em qual estação chega o trem da revolução? A burguesia árabe e o imperialismo querem deter o processo na estação mais próxima possível ao velho regime. Já a revolução quer chegar à estação mais próxima de um destino avançado. Quer chegar à estação América Latina ou à estação Democracia Radical, com componentes nacionalistas e pan-arábicos. Para isso, a Assembléia Constituinte é o caminho.
Para cumprir essa tarefa, não basta a vontade das massas. É preciso apostar na formação de uma direção política. O trem pode andar várias estações por ação espontânea, mas o destino final é impossível sem uma direção.
Na Tunísia, a Frente “14 de Janeiro” propõe um programa para a Assembléia Constituinte e agrupa forças democráticas de esquerda.
No Egito, as negociações com Mubarak estão sendo encabeçadas pela Irmandade Muçulmana, que não tem a bandeira de uma republica islâmica. Seu líder al Bayumi disse para revista alemã Der Spiegel: “Mantivemo-nos num segundo plano durante as manifestações, por não querer que sejam apresentadas como uma revolução da Irmandade Muçulmana, islâmica. É um levantamento do povo egípcio. Respeitamos os fiéis de outras crenças”. A Irmandade Muçulmana é um movimento mais burguês, cauteloso na hora de mobilizar.
Sendo revoluções democráticas, aqueles que levantam a bandeira do socialismo estão absolutamente descontextualizados. Hoje não há a possibilidade de criar uma alternativa de massas sob esta bandeira. Há sim possibilidade de destruição de velhos regimes e conquista de independência frente ao imperialismo. Se isso ocorrer, o processo de avanço programático das mobilizações pode entrar numa dinâmica socializante ou não. O momento ainda não aponta para nosso objetivo estratégico.
2. As repercussões mundiais da revolução árabe.
Vivemos um novo período histórico aberto com a crise econômica de 2008. A Europa é agora o epicentro da crise. Os EUA atravessam a pior etapa de sua decadência. Seus gastos de guerra no Iraque e Afeganistão não condizem com o forte empobrecimento da classe média e degradação social do proletariado. Ao mesmo tempo, Obama está de mãos atadas pela maioria republicana no Congresso e Wall Street segue sua atividade especulatória no mesmo ritmo que gerou a crise.
A crise econômica, força determinante da conjuntura mundial, mostrou o mundo árabe como elo mais débil da cadeia do capitalismo, e isso oxigena a revolução em curso.
A irrupção do movimento de massas no mundo árabe constitui uma nova virada na situação mundial e é uma expressão direta da crise econômica. O aumento do preço do pão na região chegou a ser de 200%, e o desemprego agravado pela crise é um trampolim das revoltas. As mudanças vão reconfigurar as relações entre Estados no Oriente Médio, e as conseqüências podem ser muito negativas para Estados Unidos e Israel. A União Européia e a China também serão tocadas pela revolução árabe.
Com a decadência do império americano o mundo caminha para uma dinâmica multipolar. A localização do Egito é estratégica. O país é um corredor entre as grandes potências petroleiras como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait. É o maior influente do Magreb. O controle político e econômico da região passa pela estabilidade egípcia. A entrada em cena do povo insurreto embaralha e reorganiza as peças, enfraquecendo os planos do Imperialismo.
a) Uma derrota amarga para o Imperialismo Francês e estadunidense
Existe a possibilidade de que a intervenção “diplomática” dos EUA na queda de Mubarak tenha efeitos equivalentes à captação gradual do processo de redemocratização do Brasil na década de 1980. De qualquer modo, a queda de Mubarak no contexto das revoltas de massas já é por si só uma derrota ao imperialismo.
Além deste, há mais dois elementos de forte desestabilização do imperialismo. Primeiro, a desestabilização econômica. O imperialismo francês atua com grandes empresas na Tunísia, como a Lafargue, gigante do cimento. A Lafargue saiu da Tunísia ameaçada pela crise política e dando mostras de crise econômica.
Segundo, a enorme quantidade de imigrantes árabes na Europa pode ser um elemento explosivo. Se os imigrantes se identificarem com a causa de seus compatriotas, podem organizar protestos de solidariedade e retomar movimentos de massa na Europa, desestabilizando seus regimes democráticos dentro da própria casa.
b) Israel, no olho do furacão
A revolução árabe altera a correlação de forças da luta territorial e política dos povos árabes com Israel. A tendência é o isolamento de Israel.
Israel perdeu aliados importantes no último período, como a Turquia, após o bombardeio gratuito da “Frota da Liberdade”. No Líbano, o governo de conciliação nacional que reúne foi desestabilizado por uma intervenção recente do Hezbollah, principal organização anti-Israel. A queda de Mubarak seria um terceiro golpe duro para a política Sionista. A fronteira de Monte Sinai no Egito é um território sob custódia militar de Israel, uma frente “neutralizada” que pode dar trabalho sob um novo regime egípcio.
Já o Irã é um país mais contraditório que Egito e Arábia Saudita. A ditadura aiatolá, relativamente independente do imperialismo, possui enormes elementos regressivos. No período das eleições de 2009, a insurreição popular da oposição demonstrou insatisfação das massas com o regime de Ahmadinejad. Se a onda revolucionária do Magreb atinge o Irã não será um triunfo do imperialismo, e sim pode ser o contrário. Pois o sentido imediato da revolução árabe é democrático e anti-imperialista, independente de até onde ela chegar.
c) Palestina
A Al-Jazeera revelou documentos secretos sobre as negociações entre Israel e ANP (Autoridade Nacional Palestina). Conforme o Antonio Luiz Costa: “Al-Jazira e o jornal britânico The Guardian publicaram documentos confidenciais sobre as negociações entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) que abalaram o prestígio da OLP e do governo de Mahmoud Abbas e, à primeira vista, favoreceram o Hamas”. Tais documentos revelam uma traição da direção da ANP. A ANP negociou a retirada de 7 milhões de refugiados palestinos em território israelense, em troca de um território equivalente a 10% do Mandato Britânico na Palestina. Por isso, a direção da ANP está desmoralizada, e as atuais revoluções podem incentivar uma renovação e radicalização da resistência palestina.
d) Uma mobilização sem fronteiras
Os efeitos imediatos da revolução árabe não se limitam ao Egito e à Tunísia. No Líbano, houve a reorganização do governo em favor do Hezbolah; na Jordânia, o rei Abdullah II alterou o governo temendo manifestações na capital; na Argélia, Bouteflika vê sua popularidade cair e desemprego crescer; no Iêmen, o governo de Saleh enfrenta protestos; no Marrocos atuam movimentos laicos e cidadãos contra o governo. A resistência do povo sarahui contra o domínio marroquino também está ascendente.
As redes sociais e a internet têm cumprido papel de catalizar os movimentos democráticos. O governo chinês sabe disso, e proibiu as buscas com a palavra “Egito” no Google.
3. As raízes da presente revolução árabe
O Estado de Israel surgiu em 1948. A Jordânia foi forçosamente repartida, restando ao povo palestino refugiar-se em Gaza e na Cisjordânia, e em diversos países árabes. A partir daí uma corrente nacionalista árabe se organizou na região como resistência ao imperialismo e ao sionismo. A independência do Egito e a revolução Argelina são os momentos mais revolucionários do pan-arabismo.
a) Nasser e o nacionalismo Pan-Árabe nos anos 1950
A luta nacionalista no Egito derrubou o Rei Faruk em 1952, e o general Nasser chegou ao poder, levando a cabo um programa que liquidou a Monarquia, concluiu a independência em relação à Inglaterra, acelerou a industrialização e realizou a reforma agrária. Nasser encabeçou a resistência anti-colonialista regional e impulsionou as revoluções democráticas.
Em 1956, Nasser nacionalizou o Canal de Suez, até então explorado pela Inglaterra. Em 1958, Egito, Síria, Sudão, Líbano e Iraque fundam a “República Árabe Unida”, expressão do pan-arabismo, sob o comando de Nasser. Então os EUA invadiram o Líbano para conter a expansão pan-arábica, e derrotaram Nasser. Essa derrota se completa em 1967, quando Israel ataca os territórios egípcios e quadruplica seus territórios.
b) A grande revolução na Argélia de 1962
A crise instaurada na França na II guerra abre brechas para o desenvolvimento de uma política pró-independência completa da Argélia. Como síntese de diferentes setores laicos, socialistas, muçulmanos e radicais islâmicos surge a Frente de Libertação Nacional (FLN). A FLN aproveita a crise do pós-guerra para desenvolver sua luta. Toma os principais bairros muçulmanos das grandes cidades do país. Na França, 75% dos franceses rechaçam a política colonialista. Em 1962, é proclamada a independência completa da República Nacional da Argélia, tendo como primeiro presidente Ben Bella. Seu programa aponta para nacionalizações dos recursos estratégicos, o apoio aos “movimentos de países não alinhados”, a defesa dos conselhos populares. Porém, em 1965 um golpe dentro da própria FLN derruba Ben Bella, e inicia uma escalada regressiva, burguesa e pró-imperialista que dura até hoje.
c) A revolução iraniana de 1979
No ano de 1973 estoura a chamada “crise dos petrodólares”, quadruplicando o preço do petróleo, aumentando a receita dos países exportadores. Quase 500 empresas estadunidenses atuavam em território iraniano. Nesse período, o Irã era o único país da região que reconhecia Israel.
Em1978, o movimento de massas realizou protestos de cunho anti-imperialista pela deposição do Xá. Em dezembro cerca de 10 milhões de iranianos reunidos no centro de Teerã decretam na prática, pela via das ruas, o fim do regime. Mas os avanços conquistados pela revolução são capturados pela visão fundamentalistas dos Aiatolás. Assim, o Irã viu as esperanças de aprofundamento da democracia se dissiparem ao longo dos primeiros anos da revolução.
d) Retrocesso do nacionalismo, crescimento do fundamentalismo
O fracasso da onda nacionalista pan-arabista levou ao crescimento de correntes fundamentalistas e religiosas, cujas contradições se expressam sobretudo na revolução iraniana. O que se verificou nas décadas seguintes foi a expansão do projeto político da religião muçulmana, atraindo setores da classe média, setores pauperizados do movimento de massa, em especial a juventude sem emprego. As correntes islâmicas “radicais”, com sua fraseologia revolucionária, seus métodos individualistas e terroristas ocuparam o espaço diante da saída de cena dos setores nacionalistas laicos. São estes que podem voltar a se expressar na atual revolução árabe.
4. Elementos teóricos-políticos para a análise da situação atual: a revolução democrática e revolução permanente.
a) O que é uma revolução?
A jornalista Alma Allende do jornal Rebélion escreveu uma boa definição: “O que é uma revolução? Uma situação em que se está mais seguro, mais tranqüilo, mais vivo, mais protegido, melhor acompanhado nas ruas do que em casa”. Acima de tudo, o que distingue uma revolução é a força das massas nas ruas. O que acontece no Egito e na Tunísia são revoluções, já que é a força social da mobilização que está destruindo o velho regime.
b) As revoluções democráticas das últimas décadas.
Nos últimos 40 anos, algumas revoluções democráticas derrubaram ditaduras totalitárias. Recordemos 5 exemplos: na Nicarágua os sandinistas derrubaram o regime ditatorial de Somoza; o Irã pôs fim ao regime pró-imperialista de Sha Pavelic; a derrubada dos governos militares na América Latina; a queda do apartheid na África do Sul; as revoluções de veludo no leste europeu derrubam a burocracia stalinista. Todas elas são insuficientes do ponto de vista socialista, mas são grandes conquistas populares. É nesse processo mundial de revoluções democráticas que se insere a revolução árabe.
O primeiro passo dessas revoluções democráticas foi um sujeito social heterogêneo: diferentes classes e setores da sociedade. A consigna que unificou estas revoluções é “negativa”: abaixo o velho regime. É exatamente isso que vemos nos Egito: uma unidade nacional massiva contra o velho regime.
c) Que dinâmica seguirá a revolução árabe?
Será possível que a revolução árabe supere a fase de revolução democrática e avance em tarefas anti-imperialistas como na América Latina? Haverá uma dinâmica de revolução permanente e se chegará a um pan-nacionalismo radical? Haverá condições de permanência da revolução para avançar ao socialismo? Segundo Trotsky a revolução permanente inclui 3 dinâmicas: a dinâmica de classe; a dinâmica das tarefas; e a dinâmica internacional. É só a combinação dos 3 elementos que vai explicar até qual estação vai o trem da revolução.
O sujeito social da revolução é heterogêneo, embora a classe operária tenha aparecido mais na Tunísia. Quanto à direção política, é visível a disputa entre os setores do islamismo e os democráticos revolucionários. Não há uma direção socialista com influência de massas em nenhum destes países.
O contexto de crise econômica e ditadura pró-imperialista combinam tarefas econômicas e políticas na mesma revolução.
A dinâmica internacional é o aspecto mais importante da teoria da revolução permanente e é o mais presente no Egito. A mobilização regional pode fazer com que o trem avance além da derrubada do velho regime.
Uma hipótese que não está descartada é que ocorra um processo superior ao que ocorre na América Latina hoje, com as revoluções nacionalistas. Por que? Pois junto a todos os elementos explosivos soma-se outro: se na América Latina os países mais importantes (México e Brasil) estão na retaguarda do processo, no mundo árabe a vanguarda do processo é o pais estratégico, eixo de toda região (Egito). A contra-revolução é cada vez mais difícil. O mínimo que está assegurado é a extensão da revolução democrática a muitos países da região. E isso já está ocorrendo.
5. Tarefas dos internacionalistas
Os socialistas latino-americanos, sobretudo os governos da ALBA, devem se pronunciar em favor do movimento de massas egípcio, pela queda de Mubarak, e pela Assembléia Constituinte. Acompanhar este processo significa mirar a principal revolução democrática das últimas décadas numa região estratégica.
Devemos exigir que o governo brasileiro rompa relações diplomáticas com Egito, para pressionar a queda de Mubarak.
A nova revolução árabe coloca na agenda política a necessidade de construir uma nova organização internacional capaz de solidarizar-se concretamente, de ajudar o processo árabe, apostando na dinâmica anti-imperialista e anti-capitalista do processo. Seria de uma grande ajuda para a vanguarda que está nas ruas em Egito e todo o mundo árabe a existência de uma organização ou minimamente uma coordenação internacional que possa ajudar a sua luta e fazer o nexo entre ela, Europa e o mundo.
Enquanto a tarefa da nova organização internacional não se processa, devemos reunir devemos somar os esforços das correntes, organizações e partidos anticapitalistas e socialistas para apoiar a revolução árabe. Esta tarefa é impostergável.

Legião Urbana Vive Sempre

por Israel Dutra (@israel_dutra)

É sempre bom discutir e rediscutir o seguinte: como explicar a abrangência das canções da Legião? Podemos afirmar que a banda é um dos maiores fenômenos da arte brasileira, no período da redemocratização. Se entendermos que a arte é uma expressão complexa e original da realidade é necessário buscar compreender Legião Urbana no contexto dos últimos vinte e cinco anos no Brasil.

O sucesso da Legião representa uma combinação de diversos fenômenos: a explosão juvenil, artística, social e política do começo dos anos 80; um novo romantismo, repleto de referências literárias, que se popularizou entre essa juventude; e por fim, uma descrição subjetiva da complexidade dos novos cenários gerados pela “aceleração dos tempos” resultante das inovações tecnológicas. A receita da Legião Urbana, a um só tempo simples e refinada, social e individual, ganhou os corações de milhões de jovens (e não tão jovens) brasileiros. De forma arrebatadora.

Retrato de um país em transformação

O projeto que veio a dar origem a Legião Urbana nasceu no final dos anos setenta. Uma Brasília ainda semi-militarizada, território fértil para que os filhos de funcionários públicos, com amplo acesso à cultura pudessem realizar suas diferentes experimentações. Contando seu breve carreiro solo (com o pseudônimo de “Trovador Solitário”) e a banda “Aborto Elétrico”, Renato Russo atuou de 1978 até 1984 como um catalisador desta insatisfação culta da classe média de Brasília. Território concentrado de contradições, por todos os lados, onde o poder existia nos adornos de Oscar Niemeyer, o Planalto Central foi o berço de um novo movimento de Rock Brasileiro (também conhecido como “BRock). Sintetizando influências internacionais, no embalo do movimento punk- como The Clash, Sex Pistols e outros- com a onda de forte crítica ao regime militar, começavam a surgir nomes como Plebe Rude, Capital Inicial e Paralamas do Sucesso.

O ano de 1984 mudou, definitivamente, a cara do Brasil. As concentrações multitudinárias nos chamados Comícios das Diretas uniu o que se havia represado durantes vinte anos. Num mesmo movimento, os líderes das greves operárias de 78-80, os novos líderes estudantis, anistiados, membros da resistência armada e civil à ditadura, artistas de todo o tipo, intelectuais. Uma ampla parcela do povo saiu às ruas para repudiar os militares. Os todo-poderosos estavam na defensiva. Aberta a represa, o país chorava seus mortos, mas sorria para um novo tempo. A juventude dos anos oitenta tinha o futuro pela frente. E neste caminho, Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha inauguram em 1985, com o disco "Legião Urbana", uma nova etapa na música brasileira. Um disco com fortes contornos políticos, como também o era “Que Pais é este”, uma coletânea de canções inéditas (1978/1987).

O Brasil dos oitenta atravessava este despertar, operário, estudantil, cultural. Greves de funcionários públicos, marchas de desempregados, reorganização das entidades estudantis. Se por um lado eufórico, o país viu os generais saírem do poder, por outro, hesitante, acompanhou a transição conservadora, derrota da Emenda Dante e a crise e arrocho do governo Sarney.

Neste contexto, as letras foram as mais claras o possível. A conhecida e sempre atual “No senado, sujeira para todo lado”, ou “Desde pequenos nós comemos lixo/ comercial e industrial”. O engajamento político da Legião nunca foi perdido. No disco “V” se pode notar em “Metal contra nuvens” metáfora que expressava a estafa que começava a “Era Collor”. Em “Teatro dos Vampiros” escutamos a desilusão e a desesperança dos que tinham sido jovens nos anos oitenta.

A derrubada de Collor por uma intensa mobilização juvenil- que entoou uma vez mais “Que país é este”- trouxe mais energia e alento. O disco “O descobrimento do Brasil”, de 1994 reflete esta situação, com a crítica esperançosa de “Perfeição”.

A crítica da Legião era universal, como se pode perceber em canções como “A Canção do Senhor da Guerra” e “Fábrica”.
A Legião foi produto destas circunstâncias. Contudo, reduzir a enorme força de sua intervenção artística ao contexto é um reducionismo. A Legião foi muito mais que isso.

Um novo romantismo, autêntico e popular

Outra característica marcante da arte de Renato Russo foi a retomada dos temas românticos. O Brasil avançava,nos anos setenta e oitenta, em direção a um genérico “progresso”. A incorporação de grande conglomerados fabris, avanços no processamento de dados e consumo de novos eletrodomésticos pautavam a idéia de nosso “desenvolvimento”. Na contramão destes novos tempos, Renato Russo retoma as idéias românticas, numa crítica que lembra Walter Benjamim, teórico da crítica ao progresso e do “desencantamento do mundo” Tal analogia aparece mais de uma vez, como na canção “Índios”: Quem me dera, ao menos uma vez/Fazer com que o mundo saiba que seu nome/Está em tudo e mesmo assim/Ninguém lhe diz ao menos obrigado.”

A influência pré-capitalista sempre foi reconhecida por Renato. Seu pseudônimo deve em muito para Rousseau. Em “Geração Coca-Cola” há uma mistura surreal de elementos: ‘filhos da revolução’ como referencia ao golpe de 1964, ‘burgueses sem religião’ como retorno aos ideais rossunianos da revolução francesa, numa canção que de conjunto é uma crítica ao modo de consumo capitalista industrial.

Podemos ver referencias à literatura brasileira. A genial “Faroeste Caboclo” guarda estilo e similaridade com várias obras de Antonio Callado. A idéia de uma trama nacional, ao estilo de Brasília, suas contradições, mostra a sensibilidade popular de Renato.

O novo, porém, ao contrário de outras experiências na música popular brasileira que bebiam em fontes românticas, foi o caráter contemporâneo e popular das temáticas da Legião.

A busca para um sentido para o mundo, tendo como ênfase prioritária a juventude urbana dos anos oitenta, ainda vai se inspirar na melancolia de fontes exteriores a realidade brasileira descrita. A influência de distintas vertentes do rock inglês vai determinar as várias das fases da Legião. Renato Russo, exímio conhecedor do idioma inglês revista vários autores e poetas, com referências múltiplas. Por exemplo, em todas as suas entrevistas, Renato nunca escondeu que sua grande inspiração foram bandas como The Smiths e Joy Division.

Este novo lirismo vai combinar crítica social, representações de melancolia e angústia, bem como de construções utópicas, sejam elas do ponto de vista individual (“lembra e vê que o caminho é um só”) ou social (“nosso dia vai chegar/ teremos nossa vez”).
A popularização destas categorias, muitas vezes, refinadas é um fato inédito na música brasileira. Num momento de consagração do LP e mais tarde, do CD, Legião Urbana alcançaria a incrível marca de milhões de cópias vendidas nos seus álbuns, no final dos anos oitenta.

Temas complexos para tempos complexos

A originalidade das letras do conjunto também instituiu novos padrões para o rock: novas temáticas eram abordadas. Como já exposto, as mudanças na estrutura política e social no país abriram caminho para novos temas. Podemos afirmar que Legião Urbana expressou nas suas letras, por vezes contraditórias, uma apreensão dos tempos complexos.

As relações entre pais e filhos, preconceito, e crises pessoais refletiam as novas estruturas familiares que começavam a aparecer neste período. “Pais e Filhos” foi um marco, pela primeira vez, publicamente se tratava de um tema até então considerado privado.

A utilização de categorias da psicanálise é outro aspecto que podemos considerar como “revolucionário”. Em “Conexão Amazônica” podemos identificar, de forma embrionária, tal presença: “estou cansado de ouvir falar de Freud e Jung”, mostrando que tais pensadores eram presença constante nos círculos de debate do compositor. Em “Meninos e Meninas”, o imaginário da psicanálise, com complexos, culpas e traumas é tratado de forma aberta e poética.
A discussão da sexualidade inscreve-se nesta seara. Ao assumir a homossexualidade, Renato Russo tomou uma postura engajada. Assim é que, seu primeiro álbum da carreira solo chama-se “The Stonewall Celebration Concert”, alusão a famosa mobilização do movimento gay norte-americano, no bar Stonewall em São Francisco.

Questões como envolvimento com drogas- sempre nebuloso para o mundo glamoroso do rock- foram tratadas com franqueza. Numa das mais belas canções, reverenciando a obra de Thomas Mann, “A Montanha Mágica” é uma expressão da forma honesta com que Renato Russo tratava seus problemas com drogas.

Mudaram as estações, nada mudou?!

A morte de Renato Russo, por conta de complicações ocasionadas pelo vírus HIV, não encerrou o legado da Legião. Sua vida e morte intensa mudaram a história da música e da arte contemporânea em nosso País.


As contradições essenciais retratadas pelas canções de Renato Russo não foram superadas. Suas rimas apresentam uma atualidade necessária, esperançosa. Sua melancolia é uma expressão das relações contemporâneas, em tempos difíceis e sombrios. Seu legado é testemunho do passado recente, e da mesma forma, incentivo para a reconstrução do futuro. Retomando Walter Benjamim, às gerações futuras cabe re-encantar o projeto utópico do mundo. Com a benção singular de um grande poeta brasileiro, Renato Russo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dance of Days: tão juvenis quanto autênticos

Um filósofo gaúcho definiu de forma brilhante a propensão da juventude a algum tipo de rebeldia: uma combinação de fatores sociais, psicológicos que, contraditórios, levaria a um tipo de "pulsão rebelde" nos corações e mentes jovens. Além da rebeldia, outra característica comumente associada ao espírito juvenil é o exagero. E acho que o binômio "exagero e rebeldia" é o melhor para qualificar a trajetória da banda paulista Dance of Days.

Se a arte é uma forma do homem se reencontrar, se reconstruir e dar sentido a seu lugar no mundo, toda manifestação artística deve ser considerada sob este prisma. O fenômeno, de vanguarda, que o DoD expressa nos parece interessante. Se existe identidade entre milhares de jovens e a banda, se explica algo que é mais do que as vontades e trejeitos individuais de seu band-leader.

Tudo começou...

A criação do DoD se confunde com a trajetória de Nene Altro, vocalista e letrista. Nene era jovem nos anos oitenta, vivenciando a efervescência da cena punk brasileira e paulista. Já no ensino médio, em meio ao movimento secundarista da cidade de Guarulhos, aderiu ao anarquismo organizado, militando nas fileiras da chamada UGT (organização que reivindicava o anarco-sindicalismo, inspirada na FAI/CNT espanhola). Ao contrário da maioria dos grupos punks, que foi levado por uma postura anarquista efêmera, a disposição de Nene não foi passageira. Seu engajamento em campanhas anti-nucleares, anti-fascistas e em defesa da ação direta foi sempre notável. Esta é uma das marcas do DoD.

Sua musicalidade, além da posição política militante, tem uma originalidade: sintetiza as guitarras e temáticas punks com arranjos e letras próximos ao rock inglês. Nos anos oitenta, era impensado unir influências como a banda Coléra e The Smiths. Uma influência que, segundo o próprio Nene, "ia dos punks do 7 seconds ao Joy Division".Romper esse preconceito ajudou a projetar o DoD como banda no cenário alternativo., tão árido no Brasil dos anos noventa.

O terceiro elemento que constituiu a "alma" do projeto DoD foi a ousada influência da filosofia e da literatura em suas letras. Nenhum grupo brasileiro tem mais referencia à literatura de vanguarda. Canções com nomes como "Quem vai limpar o quarto de Gregor Samsa" (referencia explicita à "Metamorfose" de Kafka) ou "Ferris e o queimador de livros ("Farenheit 451") apontam nessa direção.

Essa mistura foi feita com muita energia, rebeldia e, sobretudo, exagero. Traços que levariam muitas vezes a uma postura confundida com pieguice. Contudo, nada mais juvenil.

Uma banda que diz tanto...

O DoD nasceu em 1996. Até hoje lançou, de forma independente, oito álbuns. Sem grande divulgação, atravessou os anos noventa. Fundaram o selo alternativo "antimidia". Nadando na contracorrente, o DoD trouxe, sob a definição genérica de "pós-punk", uma boa contribuição para a cena alternativa dos últimos anos.

Em "Nos Olhos de Guernica", a banda homenageia o grande revolucionário anarquista Buenaventura Durruti, morto em combate durante a guerra civil espanhola, com a seguinte letra: "Ya Basta!/O verão acabou/quando Durruti ficou sem munição/e Guernica tornou-se a maldição".

Além dos temas políticos e existenciais, o componente afetivo se destaca nas letras do DoD. Vários críticos enxergam nesta característica a "prova" da suposta futilidade estrutural das letras da banda.

Os críticos das temáticas afetivas deveriam prestar mais atenção no que dizem. Grandes e relevantes obras foram feitas tomando em consideração questões como o amor. Conforme Agnes Heller, "a melancolia é o esboço da ação grandiosa sem condições histórico-culturais de se concretizar. Na ausência de feitos e ditos heróicos, o sublime se torna farsesco ou patético".

Em tempos onde a utopia - no sentido de um horizonte a ser perseguido - está distante das mentes e corações juvenis, o melancólico é sua expressão em essência. A frustração individual ou coletiva se manifesta nas canções, na arte, como o hard core, o punk, as HQ's. São estas expressões juvenis contemporâneas, entre tantas outras, cada vez mais diversas e plurais.

Entretanto, a mensagem não é apenas negativa ou passiva. Há um vetor contestador, progressivo nas manifestações, na identidade construída pelo DoD como encontramos nestes versos: "Vem dar valor ao que é bom nessa vida/que é tolice viver por viver,/e já é dia de deixar pra trás a dor e o "tanto faz"/É cedo ainda."

Com esse otimismo, podemos estabelecer paralelos entre os processos de construção da subjetividade e a capacidade de rebeldia. E, nessa esperança, o futuro aguarda os homens e mulheres que se revoltam, como na metáfora existencialista de Camus.

***

Hoje, à luz dos anos, já não me entusiasma tanto o som do Dance of Days.

Lembro, como se fosse ontem, de um show no final de fevereiro, dias depois de completar 17 ou 18 anos. Uma noite quente no Garagem Hermética, em Porto Alegre. O mundo mudou muito.

Das bandas que gostava na época, a saber, Cólera, Mukeka Di Rato, Inocentes, hoje acompanho de perto apenas o Dead Fish. Sua veia marxista ainda me encanta.

Porém, vejo que o Dance of Days diz muito. Por isso, respeito sua obra. Fala de uma juventude com conflitos mais diversos. Conflitos daqueles que buscam pensar um mundo pela frente. Conflitos dos que não aceitam a coisificação das relações, o preconceito e naturalização das diferenças sociais. Nada mais juvenil.

Israel Dutra é professor de sociologia

O mito da falta de alimentos e a soja transgênica

Hoje a soja é um dos commodities mais produzidos no mundo, aumentando a escala produtiva a cada ano . No Brasil foi uma das culturas que mais se expandiu nos últimos tempos. Aliado ao aumento de exportação de commodities e conseqüentemente o aumento tecnológico utilizado no campo, hoje é uma das culturas que mais concentra terra no país.

Por outro lado esse grão representa um avanço nos estudos da engenharia genética. Por muito tempo as ervas-daninhas eram o grande problema para os agricultores, exigindo um alto custo na compra de insumos , essas plantas invasoras presentes na plantação podiam comprometer a qualidade do grão e seu desenvolvimento.

As progressões dos estudos de transformação gênica possibilitaram a inclusão de genes de interesse, resistentes a antibióticos e herbicidas, em sementes. A soja GMᴿᴿ é um exemplo disso, nesse grão modificado foi inserido um gene resistente ao herbicida glifosato.

O uso do glifosato em plantações com GMᴿᴿ mata as ervas-daninhas sem prejudicar o grão da soja. Esse recurso proporcionou o controle das plantas invasoras além de possuir uma suposta acessibilidade econômica.

Tanto a soja modificada GMᴿᴿ como o glifosato (roundup) são produzidos por uma única empresa, a Monsanto, maior produtora de herbicida do mundo. Os argumentos para o uso dos transgênicos da Monsanto foi a proposta de combate a fome e a diminuição do uso de herbicidas. Porém sabe-se que o problema da fome é a má distribuição dos alimentos e não a falta de produção, na verdade ao adquirir o plano tecnológico aumenta o custo do produtor, fazendo com que muitos pequenos agricultores sejam expulsos do campo, esses produtores representam quase 70% da produção dos alimentos consumidos, isso prova que essa empresa tem maior possibilidade em acentuar a fome do que extingui-la.Outra ilusão é o baixo uso do glifosato, já que no Brasil entre 2000 e 2005 aumentou 80%. É inegável a importância da evolução das pesquisas genéticas, mas existem poucos e insuficientes estudos sobre a interferência de uma semente geneticamente modificada e sobre as conseqüências do uso do Roundup no meio ambiente. As pesquisas existentes são feitas pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agro-Biotecnológicas (ISAAA) que é patrocinado pelas indústrias de Biotecnologia, essa condição pode ferir a lisura dos resultados.

Por outro lado existem algumas pesquisas feitas por cientistas que comprovam que o alto uso de glifosato nas plantações contamina lençóis freáticos, o solo e especificamente as mulheres gestantes, provocando má formação nos fetos. Como o uso é continuo nas ervas-daninhas, algumas já apresentam resistência ao herbicida. Além disso, foi detectado a partir de uma pesquisa encomendada a Universidade Federal do Paraná que sojas transgênicas absorvem o veneno, tornando prejudicial o consumo do grão para seres humanos, constatando que grande parte da soja produzida no Brasil é utilizada para ração do boi europeu.
Portanto os transgênicos além de ter conseqüências duvidosas para o meio ambiente e para o homem, principalmente pelo uso do glifosato, também auxiliam no término da agricultura familiar no campo brasileiro.

Um breve histórico do Movimento Construção Coletiva


A muito participamos da construção do movimento estudantil na UFSM. Estivemos presentes nas lutas contra a venda do Prédio de Apoio, pela construção de novos restaurantes universitários, pelo fim das fundações ditas de ‘apoio’, que roubaram mais de 44 milhões dos cofres públicos no escândalo DETRAN-FATEC-FUNDAE.
Defendendo uma educação pública, gratuita e de qualidade, participamos também das eleições ao diretório central dos estudantes para dizer a que viemos!


2010 – A luta continua


No ultimo ano acompanhamos diversos debates importantes envolvendo questões referentes a Universidade e educação, bem como apoiando as lutas dos movimentos sociais.


MUDANÇAS DO VESTIBULAR DA UFSM – POR UM AMPLO E DEMOCRÁTICO DEBATE


No primeiro semestre acompanhamos a proposta da reitoria para mudanças do vestibular, que vinha para permanecer a lógica excludente do atual modelo do vestibular.

Sabemos que ainda falta muito para que nossa pauta histórica de universalização das vagas no

ensino superior público seja alcançada e que o vestibular peco na proposta de medir conhecimento, por não apresentar uma avaliação pedagógica do mesmo,porém consideramos que é importante avançar no acumulo de fazer com que essa forma de ingresso se torne minimamente progressista no sentido de trazer os alunos excluídos do ensino superior com baixa renda que normalmente são jogados para os tubarões do ensino privado brasileiro.

Por isso junto a SEDUFSM e outros grupos do movimento estudantil pautamos a ampliação do período de debates, exigindo que essa pauta não fosse discutida em portas fechadas e de forma atropelada. Essas discussões teriam que ser levadas a comunidade santa-mariense, chamando professores estaduais e municipais, e estudantes secundaristas, parte mais interessada do processo.

Infelizmente a reitoria se mostrou antidemocrática em aprovar as mudanças com o voto de minerva do reitor. Mesmo sofrendo uma pequena derrota, sabemos que esse período foi importante para amadurecer o debate do movimento estudantil sobre as formas de ingresso e continuar na luta.


7 DE SETEMBRO – INDEPENDÊNCIA DE QUEM?

No dia sete de setembro construímos junto a outros grupos do movimento estudantil uma intervenção no desfile realizado na Avenida Medianeira. No intuito de questionar, independência de quem? E de realizar uma intervenção teatral colocando a importância do limite a propriedade da terra e sua função social. Denunciando o agronegócio que apenas planta fome no nosso país! Chamando a população a participar do plebiscito que tinha por objetivo levar uma proposta para discussão no congresso onde todas as propriedades agrárias estariam limitadas em 35 módulos fiscais.

Porque o direito a terra é de tod@s!


ESTATUINTE PARITÁRIA – PELA DEFESA DA DEMOCRACIA INTERNA NA UFSM


No segundo semestre em vistas de uma possível ‘alteração’ no estatuto da Universidade sugerida pela reitoria os três segmentos, docente, discente e técnico-administrativo, realizaram uma série de debates em torno do tema.

Para agir de forma propositiva criamos junto aos outros segmentos um grupo de trabalho para criar o documento de solicitação de uma Assembleia Estatuinte paritária procurando, por exemplo, democratizar os conselhos superiores que hoje tem proporção de 70% de representação dos professores e 30% dos demais segmentos. A convocação de uma Estatuinte poderia alterar situações como estas.
É necessário lutar pela defesa da democracia interna das Universidades!


SANTA MARIA DIZ NÃO AO AUMENTO DA TARIFA! NÃO PAGAMOS NEM MAIS UM CENTAVO!


O prefeito Cezar Schirmer que foi eleito em cima do discurso demagógico de que a tarifa do transporte em Santa Maria deveria ser R$ 1,40 cede aos interesses da máfia dos transportes e aumenta a passagem. Os estudantes secundaristas e universitários, trabalhadores e movimentos sociais organizados foram às ruas dizer não ao aumento. Nós do Movimento Construção Coletiva participamos ativamente nas mobilizações que duraram uma semana, pelos seguintes motivos:

- Pressa exagerada por parte da prefeitura em atender ao pedido de aumento feito pela máfia dos transportes, mostrando conivência com as mesmas;

- A falta de licitação pública: o decreto n.° 20/2009 serviu para mudar o foco do aumento que estava sendo dado, para as “exigências” que venceriam em fevereiro de 2010, o que garantiu a tranquilidade para a preparação do SIM (Sistema Integrado Municipal), que não teve outro objetivo, senão o de burlar a licitação pública a ser realizada no ano de 2010, novamente favorecendo as empresas em detrimento dos interesses dos usuários;

- A falta de transparência no processo de cálculo da tarifa: a pressa das empresas e do Poder Executivo em aprovar um aumento da tarifa, impondo uma pressão ao conselho, não propiciam um amplo debate que garanta o acesso dos usuários ao processo.

Durante o período de mobilizações ocupamos a prefeitura com intuito de impedir a reunião do Conselho Municipal dos Transportes. Mesmo após o aumento da tarifa, feito de forma atropelada as manifestações continuaram exigindo uma audiência pública com o prefeito. Após passarmos um dia inteiro em frente à prefeitura conseguimos que Schirmer se compromete-se em ir a audiência.

Infelizmente o prefeito mais uma vez não cumpriu com a sua palavra e não compareceu a audiência realizada no dia 25 de outubro, os estudantes permaneceram na Câmara de vereadores para exigir uma nova audiência publica com o prefeito.A semana de manifestações mostrou que o povo de Santa Maria esta atento aos ataques do senhor Cezar Schirmer e de seus amigos empresários. Seguiremos em luta pelo transporte público que queremos!


OS ENEMGANADOS VÃO AS RUAS


Em 2009 ocorreram problemas no ENEM, prova realizada como forma de ingresso e pontuações

adicionais a diversas universidades brasileiras. O que não se esperava era que a prova aplicada em 2010 também iria apresentar erros. Lamentavelmente mais uma vez vemos que o Ministério da Educação pouco se importa com a lisura e segurança da prova, e muito menos com a vida e expectativas de milhares de estudantes.

Em Santa Maria como em diversas cidades os estudantes de cursinhos e do ensino médio foram às ruas dizer ao MEC que estes erros já estão virando palhaçada e questionar a qualidade da educação no Brasil!

Nós do MCC estivemos apoiando os estudantes durante a manifestação dos ENEMganados para dizer que educação não é palhaçada!

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