*por Coletivo de Mulheres do MCC
Hoje é comemorado o dia internacional das mulheres, infelizmente este dia é marcado por comemorações que não contribuem para sua representação.
Se hoje nas ruas estão distribuindo rosas para nós, em 1857 em Nova York centenas de mulheres eram queimadas vivas por realizar uma greve em defesa de melhores salários e condições de trabalho. Essa é a história que não nos é contada, o 8 de março representa uma homenagem a luta das mulheres, que estavam a frente no estouro da revolução de 1917 na Russia, que agora estevam presentes na revolução egípcia, mulheres como nós que não desejam rosas e sim direitos e um mundo em que não exista submissão de sexo nem de classe.
Isso nos diferencia dos que tornam um dia internacional de luta, em uma festa para aquecer o mercado e reafirmar o papel submisso da mulher. Hoje é um dia de solidariedade internacional das lutas das mulheres!
As origens da opressão
A submissão da mulher é naturalizada como algo eterno e imutável, porém sabemos que nem sempre foi assim. Antes da consolidação da propriedade, existiam organizações sociais primitivas matriarcais, que não eram igualitárias, mas provam que o patriarcado não é algo natural. Nelas as mulheres como únicas genitoras certas de seus filhos, possuíam um papel central.
Com o surgimento da propriedade privada o matriarcado representava um perigo para sua perpetuação já que os filhos pertenciam a mulher “Com a morte do proprietário de rebanhos estes teriam de passar primeiramente para seus irmãos e irmãs e aos filhos destes últimos, ou aos descendentes das irmãs de sua mãe. Quanto aos seus próprios filhos, eram deserdados”. Continuou Engels: “À medida, portanto, que as riquezas aumentavam estas davam ao homem, por um lado, uma situação mais importante na família que a da mulher, e, por outro lado, faziam nascer nele a idéia de utilização dessa situação a fim de que revertesse em benefício dos filhos a ordem de sucessão tradicional. Mas isso não podia ser feito enquanto permanecia em vigor a filiação segundo o direito materno. Este deveria, assim, ser abolido e foi o que se verificou”. Assim “foi estabelecida a filiação masculina e o direito hereditário paterno” (MARX, ENGELS, LENIN, 1980:15).
Isso prova que o papel subalterno que a mulher possui hoje não é algo determinado pela Natureza ou por Deus, e sim por uma evolução da família na história. A origem da propriedade privada e sua necessária perpetuação são as derrotas da mulher sendo sujeitada a monogamia e todas as outras práticas que complementam a submissão de sexos como a prostituição, o adultério, o uso da mulher como objeto de prazer do homem e sua única função de reproduzir.
As mulheres hoje
A introdução que decidimos fazer se torna importante por concluirmos que se a opressão de nós mulheres esta ligada ao surgimento da propriedade privada só iremos conseguir conquistar a igualdade completa entre os sexos com a abolição dela e da exploração do homem sobre o homem.
Portanto consideramos que a luta pela emancipação das mulheres caminha junto com a luta anticapitalista. Afinal o mesmo modo de produção que nos aprisionou em casa, como escravas do lar e dependentes economicamente de nossos maridos, em seu auge industrial nos arrancou de nossas casas exigindo que tivéssemos preparação para o mundo do trabalho, onde fomos submetidas a condições de trabalhos terríveis e um salário de fome, determinando nossas vidas a partir das vontades do mercado.
Ser jogada no mercado de trabalho fez com as mulheres fossem duplamente exploradas, dentro de casa, com os afazeres domésticos e nas fábricas, com um trabalho desumano. Mesmo assim sair da prisão do lar foi um avanço na consciência da mulher, afinal agora estava na luta pela vida, pela sobrevivência.
Com o tempo as mulheres aparentemente estão conquistando sua igualdade, reconhecemos que muito se avançou, porém as mulheres ainda ganham salários mais baixos que os homens, representam a maioria na população pobre, são vitimas de violência doméstica e no trabalho, sofrem com uma saúde pública precária, e não possuem o direito de um aborto seguro, sendo jogadas as vias ilegais que resultam em um alto índice de mortes maternas.
No Brasil presenciamos em 2010 durante as eleições dos presidenciáveis um debate conservador valorizando o papel de mãe da mulher e temas como aborto foram deixados de lado. Como resultado das eleições possuímos um marco para o movimento feminista, a vitória de uma mulher a presidência é importante para nós, mas não quer dizer avanços nas políticas de gênero e nas politicas anticapitalistas. O governo Dilma vem com a proposta de continuar as politicas feitas por Lula, nos últimos 8 anos, politicas essas que avançaram muito pouco para os trabalhadores, preferindo sempre não tirar dos ricos.
Por considerar a importância de lutar por politicas para mulheres como creches, lavanderias coletivas, restaurantes populares, abrigos, etc, mas sem perder de vista a luta por políticas que tenham como prioridade os trabalhadores e não os lucros dos banqueiros, latifundiários e imperialistas. Vemos que Lula não fez nenhuma politica que mexesse com os poderosos, por exemplo, não fazendo reforma agraria e urbana, não aplicando imposto sobre grandes fortunas, pagando a divida externa. Porém o discurso é que melhorou e muito, mas não é bem assim, para as mulheres se avançou, com a aprovação da Lei Maria da Penha que representa um importante passo para as politicas publicas contra a violência a mulher, porém no mesmo ano em que é aprovada, foi feito um corte de 30% das verbas destinadas a esse setor, sem contar na policia que teoricamente deveria dar toda a assistência a mulher agredida, que é mal treinada, mal paga e conseqüentemente corrupta. Isso é negativo para nós porque nossa vida e segurança esta em jogo.
E na continuação de Dilma vemos que a proposta é a mesma, veja o corte de 50 bilhões no orçamento que ira recair nos ombros das politicas sociais, ou o aumento risível do salário mínimo para 545 reais, que não permite uma vida digna para ninguém, muito menos a autonomia das mulheres de baixa renda que procuram independência econômica para sustentar seus filhos, por serem mães solteiras ou possuírem um marido violento, ao qual dependem financeiramente.
É preciso menos demagogia e mais politicas públicas! É por isso que convidamos a todas as mulheres a exigir de Dilma avanços significativos para nós! Que os banqueiros ganhem menos e que nossos direitos sejam cumpridos!
Para isso queremos que sejam cumpridas pautas como:
- A retirada do acordo com o Vaticano (PDC 1736/09;)
- A defesa da Legalização do aborto, como saúde pública, evitando as morte de mulheres pobres, além da autonomia – direito ao próprio corpo;
- O combate ao sexismo, ao racismo, à homofobia e à xenofobia;
- Acesso aos métodos contraceptivos e à gravidez assistida;
- Aborto legal garantido em hospitais públicos;
- Ampliação e melhor preparo das delegacias de defesa da mulher;
- Criação emergencial de Casas de Abrigo;
- Creches públicas para atender toda a demanda necessária;
- Educação Pública, gratuita, laica e não sexista;
--Restaurantes e lavanderias públicas;
- Salário igual para trabalho igual;
- Redução da jornada de trabalho sem redução dos salários;
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